Em homenagem aos homens de gênio, que contribuíram para o enriquecimento do dote moral e intelectual dos nascidos em França e de toda a Humanidade, nossa especial admiração a Victor Hugo.
Victor Hugo, o gigante da literatura, inspirou uma efusão de generosa simpatia por pessoas miseráveis oprimidas pelo governo. Ele narrou os males do poder do policial, lutou contra a pena de morte, atacou impostos, denunciou tiranos, opôs-se à guerra e expressou confiança na capacidade de um povo livre de alcançar progressos ilimitados.
Sua obra prodigiosa – nove romances, dez peças, cerca de vinte volumes de poesia e vários ensaios e discursos – e freqüentemente lírica fez dele um farol da liberdade no século XIX. Ele rompeu com o formalismo sufocante da literatura clássica francesa, alcançando o imediatismo da linguagem corrente. Escrevia com altos propósitos morais sobre eventos dramáticos, e criou alguns dos grandes heróis do mundo literário. O reconhecimento popular que recebeu foi inédito.
Os miseráveis, o livro mais amado de Hugo, mostra o governo como um opressor incorrigível. Mostra como as obras de caridade feita por indivíduos privados – e não pelo governo – ajudam os pobres. Explica porque empreendedores habilidosos são o motor do progresso humano. Também louva a rebelião contra a tirania, ao mesmo tempo em que deixa claro o porquê de as políticas igualitárias entrarem pela culatra. Seu herói, Jean Valjean, faz o bem pacífica e voluntariamente.
Ayn Rand, uma das fãs de Hugo, cujos romances sobre individualismo heróico venderam mais de 20 milhões de cópias, disse o seguinte à biógrafa Barbara Branden: “Os miseráveis foi a grande experiência. Todas as coisas relacionadas ao livro se tornaram importantes e sagradas para mim; tudo que me lembrava dele era um souvenir do meu amor. Era minha referência fundamental sobre como devemos entender a vida; algo mais amplo do que qualquer aspecto concreto da história. Eu não aceitava as idéias sobre os pobres e marginalizados, mas Hugo as expunha de um modo que eu podia aceitá-las; eles eram vítimas do governo, da aristocracia, das autoridades estabelecidas. O efeito pessoal sobre mim foi me inspirar a busca daquela grandiosidade, daquela escala heróica, da inventividade da trama, e daqueles toques dramáticos e eloqüentes”.
Victor Hugo teve a coragem de agir de acordo com suas convicções. Em 1822, aos vinte anos, defendeu o Visconde François-René de Chateaubriand, um escritor francês famoso que entrara em conflito com o governo. Certa vez, ofereceu sua casa como refúgio para um amigo de infância que fugia da polícia. Durante a Revolução de 1848 na França Hugo saiu em meio aos tiroteios para pedir por um fim à violência.
No fim da sua vida – quando mais tinha o que perder – dedicou –se à causa da liberdade. Quando jovem, apoiara a monarquia francesa; mais tarde, veio a admirar Napoleão Bonaparte por supostamente defender os princípios da liberdade e igualdade. Quando tinha quarenta e nove anos, desafiou publicamente Napoleão III, o tirânico imperador. Em decorrência disto, veio a perder suas luxuosas casas, suas enormes coleções de antigüidades e sua esplêndida biblioteca de dez mil livros; mas ressurgiu como exilado eloqüente, que defendia a liberdade para todos os povos.
Como Jean Valjean em Os miseráveis, Victor Hugo ajudou os pobres com dinheiro do próprio bolso. Começou em casa, ajudando sua esposa, que tinha se afastado dele, e seus filhos, que não tinham muito dinheiro para si próprios. Ordenava a seu cozinheiro que alimentasse os mendigos que aparecessem na sua porta. A cada quinze dias, aos domingos, servia o “jantar das crianças pobres” para cerca de cinqüenta jovens famintos do seu bairro. Em seus diários, abundam os exemplos de caridade pessoal. De acordo com o biógrafo André Maurois, durante seus anos mais prósperos, Victor Hugo chegava a gastar todo mês um terço de sua renda em obras de caridade.
Sua popularidade era tamanha que seus retratos em gravura podiam ser encontrados praticamente em qualquer banca de jornal de Paris. Tinha uma figura atlética, com cerca de um metro e setenta de altura. Seus traços mais característicos eram sua testa larga e seus intensos olhos castanhos. No início de sua carreira, seus longos cabelos castanhos eram penteados para trás e ondulados; no fim de sua vida, ele usava o cabelo – já branco – bem curto, acompanhado de um bigode e uma barba bem aparada.
Era cheio de contradições. Como Graham Robb disse: “Victor Hugo não era uma pessoa com várias máscaras, mas uma Sociedade Limitada de egos, onde cada um se alimentava um do outro, e eram mantidos por um exército de comentaristas…. Gozar de sua intimidade não era suficiente para desfazer a impressão de que ele não era totalmente humano. Era capaz de comer metade de um boi em uma sentada, de jejuar por três dias e de trabalhar ininterruptamente por uma semana. Saía de casa quando o tempo estava horrível e caminhava por ruas escuras à noite, armado apenas das chaves de sua casa”.
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