sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Allan Kardec (Hippolyte Léon Denizard Rivail)

 
Nascido em Lion, na França, em 3 de outubro de 1804, de uma família antiga que se distinguiu na magistratura e na advocacia, Allan Kardec (Hippolyte Léon Denizard Rivail) não seguiu essas carreiras.

Desde a juventude, sentiu-se inclinado ao estudo das ciências e da filosofia.

Educado na Escola de Pestalozzi, em Yverdun (Suíça), tornou-se um dos mais eminentes discípulos desse célebre professor e um dos zelosos propagandistas do seu sistema de educação, que tão grande influência exerceu sobre a reforma do ensino na França e na Alemanha.

Concluídos seus estudos, voltou para a França. Conhecendo a fundo a língua alemã, traduzia para a Alemanha diferentes obras de educação e de moral e as obras de Fénelon que o tinham seduzido de modo particular.

De 1835 a 1840, fundou, em sua casa, à rua de Sèvres, cursos gratuitos de Química, Física, Anatomia comparada, Astronomia, entre outros. Preocupado sempre com o tornar atraentes e interessantes os sistemas de educação, inventou, ao mesmo tempo, um método engenhoso de ensinar a contar e um quadro mnemônico da História da França, tendo por objetivo fixar na memória as datas dos acontecimentos de maior relevo e as descobertas que iluminaram cada reinado.

Antes que o Espiritismo lhe popularizasse o pseudônimo de Allan Kardec, já ele se ilustrara por meio de diversas obras de educação.

Pelo ano de 1855, posta em foco a questão das manifestações dos Espíritos, Allan Kardec se entregou a observações perseverantes sobre esse fenômeno, cogitando principalmente de lhe deduzir as conseqüências filosóficas.

Entreviu, desde logo, o princípio de novas leis naturais: as que regem as relações entre o mundo visível e o mundo espiritual. Reconheceu, na ação deste último, uma das forças da Natureza, cujo conhecimento haveria de lançar luz sobre uma imensidade de problemas tidos por insolúveis, e lhe compreendeu o alcance, do ponto de vista religioso.

Suas principais obras sobre esta matéria são:
O Livro dos Espíritos, cuja primeira edição apareceu a 18 de abril de 1857
O Livro dos Médiuns, em janeiro de 1861
O Evangelho Segundo o Espiritismo, em abril de 1864
O Céu e o Inferno, ou A Justiça Divina Segundo o Espiritismo, em agosto de 1865
A Gênese, os Milagres e as Predições, em janeiro de 1868
O que é Espiritismo
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Obras Póstumas
Rascunhos e estudos publicados apos seu desencarne.
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A Revista Espírita, jornal mensal de estudos psicológicos, começado a 1 de janeiro de 1858.

Fundou em Paris, a 1 de abril de 1858, a primeira Sociedade espírita regularmente constituída, sob a denominação de Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, cujo fim exclusivo era o estudo de quanto pudesse contribuir para o progresso da nova ciência.

Allan Kardec se defendeu, com inteiro fundamento, de coisa alguma haver escrito debaixo da influência de idéias preconcebidas ou sistemáticas.

Homem de caráter frio e calmo, observou os fatos e de suas observações deduziu as leis que os regem.

Foi o primeiro a apresentar a teoria relativa a tais fatos e a formar com eles um corpo de doutrina, metódico e regular.

Demonstrando que os fatos erroneamente qualificados de sobrenaturais se acham submetidos a leis, ele os incluiu na ordem dos fenômenos da Natureza, destruindo assim o maravilhoso e um dos elementos da superstição.

Data do aparecimento de O Livro dos Espíritos o surgimento da Doutrina Espírita.
Até então, só existiam elementos e fatos esparsos, cujo alcance nem toda a gente pudera apreender.

As provas materiais que o Espiritismo apresenta da existência da alma e da vida futura tendem a destruir as idéias materialistas e panteístas.

Um dos princípios mais fecundos dessa doutrina e que deriva do precedente é o da pluralidade das existências, já entrevisto por diversos filósofos antigos e modernos.

Dele promana a explicação de todas as aparentes anomalias da vida humana, de todas as desigualdades intelectuais, morais e sociais, facultando ao homem saber donde vem, para onde vai, para que fim se acha na Terra e por que aí sofre. As idéias inatas se explicam pelos conhecimentos adquiridos nas vidas anteriores; as simpatias e antipatias pela natureza das relações anteriores.

O Espiritismo tem como divisa: Fora da Caridade não há salvação, isto é, a igualdade entre os homens perante Deus, a tolerância, a liberdade de consciência e a benevolência mútua.

Não há fé inabalável, senão a que pode encarar face a face a razão, em todas as épocas da Humanidade. À fé, uma base se faz necessária e essa base é a inteligência perfeita daquilo em que se tem de crer.

Para crer não basta ver, é preciso, sobretudo, compreender.
(O Evangelho Segundo o Espiritismo).

Trabalhador infatigável, Allan Kardec desencarnou em 31 de março de 1869.
(Extraído de Obras Póstumas - FEB, 16 edição)

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

A Ópera Garnier



A Ópera Garnier ou Palais Garnier é uma casa de ópera localizada no IX arrondissement de Paris, França. O edifício é considerado uma das obras-primas da arquitetura de seu tempo. Construído em estilo neobarroco, é o 13º teatro a hospedar a Ópera de Paris, desde sua fundação por Luís XIV, em 1669. Sua capacidade é de 1979 espectadores sentados.

O palácio era comumente chamado apenas de Ópera de Paris, mas, após a inauguração da Ópera da Bastilha, em 1989, passou a ser chamado Ópera Garnier.

A Ópera foi projetada no contexto da grande reforma urbana de Paris no Segundo Império, liderada pelo prefeito da região parisiense, Georges-Eugène Haussmann. Para a sua construção, em 1859, Haussmann foi autorizado por Napoleão III a promover a limpeza de 12.000 m² de terreno. O projeto foi objeto de concurso público, em 1861, do qual foi vencedor o arquiteto Charles Garnier (1825-1898), que era então um profissional desconhecido, de 35 anos de idade, e que viria posteriormente a construir também a Ópera de Monte Carlo, em Mônaco.



A pedra angular da Ópera Garnier foi colocada em 1861 e a construção teve início no mesmo ano. Entretanto a obra foi interrompida por numerosos incidentes, incluindo a Guerra Franco-Prussiana, a queda do Império francês e a Comuna de Paris. Outro problema foi o próprio terreno, extremamente pantanoso, o que implicou em contínuos bombeamentos de água durante oito meses, antes que as fundações pudessem ser lançadas. Dizia-se que existia um lago subterrâneo alimentado pelo rio Grange-Batelière - hipótese sabiamente explorada pelo célebre romance de Gaston Leroux, O Fantasma da Ópera. Na realidade, o rio corre um pouco mais longe.

Depois de inúmeros contratempos, os trabalhos foram completados em 1874, e o Palácio Garnier foi formalmente inaugurado em 15 de janeiro de 1875, com a representação da ópera A Judia, de Halévy, e trechos de Os Huguenotes, de Giacomo Meyerbeer.



Quando a estação Opéra do metrô foi construída, havia receio de que a característica entrada das estações parisienses, de ferro fundido, em estilo art nouveau, pudesse conflitar com a fachada do Palácio. Como resultado, balaustradas em mármore foram empregadas.

O majestoso edifício tem área total de 11.000 m² e o imenso palco pode acomodar até 450 artistas. O estilo é monumental. O prédio é ornamentado e ricamente decorado, com frisos de mármore multicolorido, colunas e muitas estátuas. O interior é também muito rico, com veludos, superfícies folheadas a ouro, querubins e ninfas. O candelabro central do salão principal pesa mais de seis toneladas, e uma segunda pintura do teto foi feita em 1964 por Marc Chagall.


terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Júlio Verne


Comemora-se hoje o aniversário de Júlio Verne, em francês Jules Verne, escritor francês, considerado por críticos literários o precursor do gênero de ficção científica, tendo feito predições em seus livros sobre o aparecimento de novos avanços científicos, como os submarinos, máquinas voadoras e viagem à Lua.

Júlio Verne passou a infância com os pais e irmãos, na cidade francesa de Nantes e na casa de verão da família. A proximidade do porto e das docas constituíram provavelmente grande estímulo para o desenvolvimento da imaginação do autor sobre a vida marítima e viagens a terras distantes. Com nove anos foi mandado para o colégio com seu irmão Paul.

Mais tarde, seu pai, com a esperança de que o filho seguisse sua carreira de advogado, enviou o jovem Júlio para Paris, a fim de estudar Direito. Ali começou a se interessar mais pelo teatro do que pelas leis, tendo escrito alguns livretos de operetas e pequenas histórias de viagens. Seu pai, ao saber disso, cortou-lhe o apoio financeiro, o que o levou a trabalhar como corretor de ações, o que teve como propósito lhe garantir alguma estabilidade financeira. Foi quando conheceu uma viúva com duas filhas chamada Honorine de Viane Morel, com quem se casou em 1857 e teve em 1861 um filho chamado Michel Jean Pierre Verne. Durante esse período conheceu os escritores Alexandre Dumas e Victor Hugo.

A carreira literária de Júlio Verne começou a se destacar quando se associou a Pierre-Jules Hetzel, editor experiente que trabalhava com grandes nomes da época, como Alfred de Brehat, Victor Hugo, George Sand e Erckmann-Chatrian.

Hetzel publicou a primeira grande novela de sucesso de Júlio Verne em 1862, o relato de viagem à África em balão, intitulado Cinco semanas em um balão. Essa história continha detalhes tão minuciosos de coordenadas geográficas, culturas, animais, etc., que os leitores se perguntavam se era ficção ou um relato verídico. Na verdade, Júlio Verne nunca havia estado em um balão ou viajado à África. Toda a informação sobre a história veio de sua imaginação e capacidade de pesquisa.




Hetzel apresentou Verne a Félix Nadar, cientista interessado em navegação aérea e balonismo, de quem se tornou grande amigo e que introduziu Verne ao seu círculo de amigos cientistas, de cujas conversações o autor provavelmente tirou algumas de suas ideias.

O sucesso de Cinco semanas em um balão lhe rendeu fama e dinheiro. Sua produção literária seguia em ritmo acelerado. Quase todos os anos Hetzel publicava novo livro de Verne, quase todos grandes sucessos. Dentre eles se encontram: Vinte Mil Léguas Submarinas, Viagem ao centro da terra, A volta ao mundo em oitenta dias, Da terra à lua , Robur - o conquistador.

Seu último livro publicado foi Paris no século XX. Escrito em 1863, somente publicado em 1989, quando o manuscrito foi encontrado pelo bisneto de Verne. Livro de conteúdo depressivo, foi rejeitado por Hetzel, que recomendou Verne a não publicá-lo na época, por fugir à fórmula de sucesso dos livros já escritos, que falavam de aventuras extraordinárias. Verne seguiu seu conselho e guardou o manuscrito em um cofre, só sendo encontrado mais de um século depois.

Até hoje Júlio Verne é o escritor cuja obra foi mais traduzida em toda a história, com traduções em 148 línguas, segundo estatísticas da UNESCO, tendo escrito mais de 100 livros.

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segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

William Bouguereau



William Bouguereau foi um pintor acadêmico francês. Tradicionalista, despretensioso e modesto, tornou-se um conceituado artista do século XIX e foi um membro de liderança do Instituto da França e presidente da Sociedade de Pintores, Escultores e Gravadores.

A sua reputação como pintor de temas mitológicos não faz justiça ao pintor de ternas mães, crianças e jovens raparigas. A maior parte destas obras foram pintadas na sua terra natal, La Rochelle, no jardim do seu estúdio, em um estilo realista quase fotográfico que se tornou um sucesso entre os colecionadores de seu tempo, embora modernamente tenha sido relativamente esquecido pela celebridade dos impressionistas seus contemporâneos.

William-Adolphe Bouguereau nasceu em uma família de comerciantes de vinho e óleo de oliva, e parecia destinado a seguir os passos de seus ancestrais se não fosse a intervenção de seu tio Eugène, que lhe apresentou a cultura clássica e bíblica e arranjou que ele fosse encaminhado a uma escola superior. Bouguereau desde cedo mostrou possuir um talento incomum, e um cliente de seu pai instou com ele para mandar o jovem aprender na École des Beaux-Arts de Bordeaux, onde recebeu o primeiro prêmio em pintura de figura por uma representação de São Roque. Para sobreviver desenhava rótulos para gêneros alimentícios.

Através de seu tio, que era um cura, recebeu uma encomenda para pintar retratos dos paroquianos, e com a renda dos trabalhos mais a ajuda de sua tia pôde se dirigir a Paris e freqüentar a École des Beaux-Arts parisiense. Para se aprimorar no desenho anatômico assistia a dissecções, e estudava história e arqueologia. François-Edouard Picot o recebeu como discípulo e com ele Bouguereau se aperfeiçoou no estilo acadêmico, que enfatizava a pintura histórica e mitológica, dominadas pelo artista a ponto de vencer a disputa para o Prêmio de Roma de 1850, com sua obra Zenóbia encontrada por pastores nas margens do Araxe.

Estabelecendo-se na Villa Medici de Roma, pôde estudar diretamente e com grande proveito os mestres do Renascimento, sentindo grande atração pelo trabalho de Rafael. Já seus primeiros críticos aplaudiam sua mestria no desenho, a feliz composição das figuras e a afortunada filiação a Rafael, de quem diziam que tampouco ele fora original, por ter aprendido tudo dos antigos. Feliz com esta apreciação compreensiva, e tendo sido bem sucedido no cumprimento de uma das cláusulas de sua pensão, que exigia uma cópia de Rafael, adotou o mesmo tipo clássico de composição em muitas obras de sua longa carreira.




Em 1856 casou-se com Marie-Nelly Monchablon, e com ela teve cinco filhos. Nesta década estabeleceu fortes laços com Paul Durand-Ruel e outros marchands. Os Salões recebiam em média 300 mil visitantes por ano, o que os constituía em importantíssima vitrine para exposição de novos talentos e um trampolim para sua inserção no mercado, e eram muito freqüentados por colecionadores. Suas obras tinham boa aceitação e logo sua fama se expandiu para a Inglaterra, possibilitando-lhe em 1860 adquirir uma grande casa com atelier em Montparnasse.

Bouguereau era um ferrenho tradicionalista, cujo estilo de grande verossimilhança trouxe nova vida tanto para temas clássicos pagãos como para os cristãos. Criou em suas pinturas um mundo utópico, cheio de ninfas, pastores e madonnas. Seus camponeses eram sempre representados impecavelmente limpos, belos e bem vestidos, numa idealização perfeitamente aceitável para boa parte do público e dos conhecedores. Entretanto, outros preferiam a honestidade de Jean-François Millet e seus camponeses mostrados mais de acordo com os fatos.

Seu método de trabalho estava de acordo com a temática e simbologia classicista que adotara, realizando inúmeros esboços preparatórios com tinta e estudos em desenho, numa construção minuciosa e laboriosa de todas as figuras e fundos. A impressionante suavidade de textura na descrição pictórica da pele humana e a delicadeza de formas e gestos que obtinha nas mãos, pés e faces eram especialmente admiradas. O mesmo com sua habilidade de se adaptar à decoração pré-existente das residências, igrejas e edifícios públicos para onde realizava obras complementares, recebendo por isso grande quantidade de encomendas. Sua fama crescia sem cessar, e logo recebeu as honras da Academia, tornando-se membro vitalício em 1876, e em 1885 foi condecorado Comandante da Legião de Honra. Sua carreira como professor começou em 1875 na Academia Julian, e usou de sua influência para abrir as portas de diversas instituições artísticas às mulheres, incluindo a Academia.

Perto do fim da vida expressou seu amor à arte: "A cada dia entro em meu estúdio cheio de alegria; à noite, quando a escuridão me obriga a deixá-lo, mal posso esperar pelo dia seguinte. Se eu não pudesse me devotar à minha amada pintura eu seria um pobre coitado". Com tamanha dedicação desenvolveu uma carreira extraordinariamente prolífica, deixando oitocentas e vinte e seis obras. Faleceu com oitenta anos, de um mal cardíaco.

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sábado, 22 de janeiro de 2011

Victor Hugo



Em homenagem aos homens de gênio, que contribuíram para o enriquecimento do dote moral e intelectual dos nascidos em França e de toda a Humanidade, nossa especial admiração a Victor Hugo.

Victor Hugo, o gigante da literatura, inspirou uma efusão de generosa simpatia por pessoas miseráveis oprimidas pelo governo. Ele narrou os males do poder do policial, lutou contra a pena de morte, atacou impostos, denunciou tiranos, opôs-se à guerra e expressou confiança na capacidade de um povo livre de alcançar progressos ilimitados.

Sua obra prodigiosa – nove romances, dez peças, cerca de vinte volumes de poesia e vários ensaios e discursos – e freqüentemente lírica fez dele um farol da liberdade no século XIX. Ele rompeu com o formalismo sufocante da literatura clássica francesa, alcançando o imediatismo da linguagem corrente. Escrevia com altos propósitos morais sobre eventos dramáticos, e criou alguns dos grandes heróis do mundo literário. O reconhecimento popular que recebeu foi inédito.

Os miseráveis, o livro mais amado de Hugo, mostra o governo como um opressor incorrigível. Mostra como as obras de caridade feita por indivíduos privados – e não pelo governo – ajudam os pobres. Explica porque empreendedores habilidosos são o motor do progresso humano. Também louva a rebelião contra a tirania, ao mesmo tempo em que deixa claro o porquê de as políticas igualitárias entrarem pela culatra. Seu herói, Jean Valjean, faz o bem pacífica e voluntariamente.

Ayn Rand, uma das fãs de Hugo, cujos romances sobre individualismo heróico venderam mais de 20 milhões de cópias, disse o seguinte à biógrafa Barbara Branden: “Os miseráveis foi a grande experiência. Todas as coisas relacionadas ao livro se tornaram importantes e sagradas para mim; tudo que me lembrava dele era um souvenir do meu amor. Era minha referência fundamental sobre como devemos entender a vida; algo mais amplo do que qualquer aspecto concreto da história. Eu não aceitava as idéias sobre os pobres e marginalizados, mas Hugo as expunha de um modo que eu podia aceitá-las; eles eram vítimas do governo, da aristocracia, das autoridades estabelecidas. O efeito pessoal sobre mim foi me inspirar a busca daquela grandiosidade, daquela escala heróica, da inventividade da trama, e daqueles toques dramáticos e eloqüentes”.

Victor Hugo teve a coragem de agir de acordo com suas convicções. Em 1822, aos vinte anos, defendeu o Visconde François-René de Chateaubriand, um escritor francês famoso que entrara em conflito com o governo. Certa vez, ofereceu sua casa como refúgio para um amigo de infância que fugia da polícia. Durante a Revolução de 1848 na França Hugo saiu em meio aos tiroteios para pedir por um fim à violência.

No fim da sua vida – quando mais tinha o que perder – dedicou –se à causa da liberdade. Quando jovem, apoiara a monarquia francesa; mais tarde, veio a admirar Napoleão Bonaparte por supostamente defender os princípios da liberdade e igualdade. Quando tinha quarenta e nove anos, desafiou publicamente Napoleão III, o tirânico imperador. Em decorrência disto, veio a perder suas luxuosas casas, suas enormes coleções de antigüidades e sua esplêndida biblioteca de dez mil livros; mas ressurgiu como exilado eloqüente, que defendia a liberdade para todos os povos.

Como Jean Valjean em Os miseráveis, Victor Hugo ajudou os pobres com dinheiro do próprio bolso. Começou em casa, ajudando sua esposa, que tinha se afastado dele, e seus filhos, que não tinham muito dinheiro para si próprios. Ordenava a seu cozinheiro que alimentasse os mendigos que aparecessem na sua porta. A cada quinze dias, aos domingos, servia o “jantar das crianças pobres” para cerca de cinqüenta jovens famintos do seu bairro. Em seus diários, abundam os exemplos de caridade pessoal. De acordo com o biógrafo André Maurois, durante seus anos mais prósperos, Victor Hugo chegava a gastar todo mês um terço de sua renda em obras de caridade.

Sua popularidade era tamanha que seus retratos em gravura podiam ser encontrados praticamente em qualquer banca de jornal de Paris. Tinha uma figura atlética, com cerca de um metro e setenta de altura. Seus traços mais característicos eram sua testa larga e seus intensos olhos castanhos. No início de sua carreira, seus longos cabelos castanhos eram penteados para trás e ondulados; no fim de sua vida, ele usava o cabelo – já branco – bem curto, acompanhado de um bigode e uma barba bem aparada.

Era cheio de contradições. Como Graham Robb disse: “Victor Hugo não era uma pessoa com várias máscaras, mas uma Sociedade Limitada de egos, onde cada um se alimentava um do outro, e eram mantidos por um exército de comentaristas…. Gozar de sua intimidade não era suficiente para desfazer a impressão de que ele não era totalmente humano. Era capaz de comer metade de um boi em uma sentada, de jejuar por três dias e de trabalhar ininterruptamente por uma semana. Saía de casa quando o tempo estava horrível e caminhava por ruas escuras à noite, armado apenas das chaves de sua casa”.

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Crepe Suzette


  • Calda e Recheio:
  • ½ xícara (chá) de açúcar
  • • 2 colheres (sopa) de licor de laranja
  • • 1 colher (sopa) de casca de laranja ralada
  • • 4 colheres (sopa) de suco de laranja
  • • 2 colheres (sopa) de conhaque
  • ½ xícara (chá) de laranja cortada em cubos
  • • 5 colheres (sopa) de manteiga
  • Massa:
  • • 1 ovo
  • • 4 colheres (sopa) de farinha de trigo
  • • 6 colheres (sopa) de leite
  • • 2 colheres (sopa) de óleo

 O preparo:
Massa: Peneire a farinha de trigo em uma tigela, junte a metade do óleo e o ovo. Misture bem. Acrescente o leite, aos poucos, batendo até obter uma mistura lisa. Cubra a tigela com filme plástico e deixe descansar durante 30 minutos. Pincele uma  frigideira antiaderente de 22 cm de diâmetro com o óleo restante. Leve ao fogo e, assim que aquecer, coloque um pouco de massa, inclinando a frigideira de um lado para o outro. Frite os crêpes dos dois lados, até dourarem. Repita a operação até terminar a massa. O resultado deve ser 4 crêpes. Reserve.

Calda: Derreta 1 colher (sopa) de manteiga em uma frigideira, junte 2 colheres(sopa) de açúcar, a metade da casca de laranja e o suco de laranja. Leve ao fogo baixo por 2 minutos, mexendo de vez em quando. Retire e acrescente os cubos de laranja e a metade do licor. Reserve.

Recheio: Em uma tigela, bata a manteiga e o açúcar restantes até obter um creme claro. Acrescente o restante do licor e das raspas de laranja, misture bem e espalhe o creme sobre os crêpes. Dobre os crêpes e coloque-os na frigideira com a calda. Leve ao fogo baixo até aquecer. Retire e distribua-os nos pratos. Em seguida, coloque o conhaque em uma concha, aqueça, flambe e despeje sobre os crêpes.

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Paul Cézanne



Inaugurando este espaço virtual, com a proposta de divulgarmos o aspectos culturais franceses, comemora-se hoje o 172º aniversário de Paul Cézanne, pintor pós-impressionista francês, cujo trabalho forneceu as bases da transição das concepções do fazer artístico do século XIX para a arte radicalmente inovadora do século XX. Cézanne pode ser considerado como a ponte entre o impressionsimo do final do século XIX e o cubismo do início do século XX.

"Cézanne é o pai de todos nós" (frase atribuída a Matisse e a Picasso)

Após uma fase inicial dedicada aos temas dramáticos e grandiloquentes próprios da escola romântica, Paul Cézanne criou um estilo próprio, influenciado por Delacroix. Introduziu nas suas obras distorções formais e alterações de perspectiva em benefício da composição ou para ressaltar o volume e peso dos objetos. Concebeu a cor de um modo sem precedentes, definindo diferentes volumes que foram essenciais para suas composições únicas.

Cézanne não se subordinava às leis da perspectiva. E sim, as modificava. A sua concepção da composição era arquitetônica; segundo as suas próprias palavras, o seu próprio estilo consistia em ver a natureza segundo as suas formas fundamentais: a esfera, o cilindro e o cone. Cézanne preocupava-se mais com a captação destas formas do que com a representação do ambiente atmosférico. Não é difícil ver nesta atitude uma reação de carácter intelectual contra o gozo puramente colorido do impressionismo.

Cézanne cultivava sobretudo a paisagem e a representação de naturezas mortas, mas também pintou figuras humanas em grupo e retratos. Antes de começar as suas paisagens estudava-as e analisava os seus valores plásticos, reduzindo-as depois a diferentes volumes e planos que traçava à base de pinceladas paralelas. Árvores, casas e demais elementos da paisagem subordinam-se à unidade de composição. As suas paisagens são sutilmente geométricas.

Cézanne pintou sobretudo a sua Provença natal (O Golfo de Marselha e as célebres versões sucessivas de O Monte de Sainte-Victoire).



Nas suas numerosas naturezas mortas, tipicamente compostas por maçãs, levava a cabo uma exploração formal exaustiva que é a terra fecunda de onde surgirá o cubismo poucos anos mais tarde. Entre as representações de grupos humanos, são muito apreciadas as suas cinco versões de Os Jogadores de Cartas. A Mulher com Cafeteira, pela sua estrutura monumental e serena, marca o grande momento classicista de Cézanne.


Em Paris, Cézanne conheceu o impressionista Camille Pissaro. Inicialmente, a amizade feita em meados dos anos 1860 era a de um mestre e mentor - Pissarro exercendo uma influência formativa sobre o jovem artista. Ao longo da década seguinte, as excursões para pintar emlouveciennes e em Pontoise levaram a um trabalho colaborativo entre iguais.

Nos primeiros trabalhos, Cézanne se preocupava com a figura na paisagem. Nesse período incluem-se várias pinturas de grupos de figuras grandes e pesadas na paisagem, pintadas a partir da imaginação. Mais tarde, ele passa a se interessar mais em trabalhar a partir da observação direta, e, gradualmente, desenvolveu um estilo de pintura mais leve e arejada, que iria influenciar imensamente os impressionistas. Não obstante, nos trabalhos de maturidade de Cézanne, percebe-se o desenvolvimento de um estilo solidificado, quase arquitetural de pintura.

Durante toda a sua vida, esforçou-se para desenvolver uma observação autêntica do mundo através do método mais acurado possível para representá-lo em pintura. Ordenava estruturalmente tudo o que percebesse em formas e planos de cor simples. A sua afirmação “Eu quero fazer do impressionismo algo sólido e duradouro, como a arte dos museus”, e sua declarada intenção de recriar Nicolas Poussin acentuou seu desejo de unir a observação da natureza à permanência da composição clássica.

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